Centro Cultural Palacio La Moneda y Plaza de la Ciudadanía
Local: Santiago, Chile
Arquiteto: Undurraga Devés Arquitectos
Cliente: Governo de Santiago
Ano: 2006
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Jessica Sousa Duarte
Julho, 2022
O Centro Cultural Palácio de la Moneda e a Plaza de la Ciudadanía se tornou um importante espaço cidadão, ao possibilitar visitas em massa a eventos culturais e políticos, com capacidade de assimilar eventos temáticos e diversos que contribuam com a vida e a formação do indivíduo na cidade.
Mapas de Localização. Fonte: De autoria própria
“Se aceitarmos que o cidadão como sujeito formal está mudando, o conteúdo do que é cidadania formal está mudando, e que o aparato político formal está, na verdade, restringindo o que dá ao cidadão, temos que entender que estamos diante de um momento histórico em que o espaço urbano captura toda uma série de dimensões (culturais, econômicas, políticas) que ali se reúnem”.
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— (Sadden, 2003 apud PERUCICH, 2012).
Mapas de Localização. Fonte: De autoria própria
A Área Central de Santiago do Chile, ou o seu Centro, corresponde à comuna da cidade. Dentro da comuna, o Triângulo Fundacional corresponde à área de fundação da cidade, principal centro administrativo, financeiro, comercial e de serviços. Sua principal atração é o valor histórico e arquitetônico do local, principalmente no bairro cívico. O Bairro Cívico é um projeto da década de 1930, que articula edifícios governamentais (o Palácio de la Moneda e Ministérios) em um sistema de espaços públicos conformados pela Plaza de La Constituición, Plaza de La Ciudadanía e o Paseo Bulnes

Diagramas de linha temporal . Fonte: De autoria própria baseado nas imagens da Arquitectura Viva
Em 1890, o prefeito Ismael Valdés propôs a construção de uma avenida monumental na área do triangulo fundacinal.Nos anos entre 1932 e 1938, foi posto em praticada uma transformação da área , inspirado nas ideias do urbanista Karl Brunner e de Roberto Humeres, que propôs espaço cívico linear para a cidade de Santiago, um eixo monumental − o Passeio Bulnes −, que concentraria os edifícios públicos e realçaria a institucionalidade do Estado através do espaço urbano.
No Chile, de 1980 até hoje, um processo de recuperação sociopolítica denominado “Retorno à Democracia”, uma época em que todas as instituições sociais se esforçam para criar um equilibrado e igualitário, onde os cidadãos passaram, pos-ditadura, a exigir maior participação nas decisões e estruturas de poder.

Diagramas de linha temporal . Fonte: De autoria própria baseado nas imagens da Arquitectura Viva
Logo, em 1980, foi realizado um concurso para remodelar a Praça da Constituição, vazio norte do Palácio do Governo que era utilizado como estacionamento de automóveis. Em seguida, em 1995, foi realizado outro concurso para remodelar o vazio sul do Palácio, antiga Plaza de la Libertad, com o objetivo de criar um espaço continuo, cuja jornada começa na Plaza de la Constitución, atravessa o Palacio de La Moneda, passa pela Plaza de la Ciudadanía e pelo Altar de la Patria, e termina no Paseo Bulnes. Vale ressaltar que ambos os concurso foram ganhados pelo mesmo escritório, Undurraga Deves Arquitectos.

Planta Bairro Cívico . Fonte: Arquitectura Viva
O projeto teve como objetivo ser uma extensão do palacio , com a intenção de ser uma grande uma praça pública aberta ao passo das pessoas, onde o local teria um papel de espaço cerimonial, sobretudo democrático e politicamente representativo.
Próxima à fachada sul do Palácio, foi projetado um pátio continuo ao nível dos pátios interiores do edifício histórico, enquanto a fonte de água que rodeia esse espaço articula a geometria do Palácio com a geometria ligeiramente inclinada da avenida Alameda, que divide a praça em duas. Caminhos lineares das árvores limitam longitudinalmente o espaço e proporcionam sombra para os pedestres. No meio, uma extensão de grama, marcada por amplos caminhos de pedra, com continuidade geométrica, com caminhos secundários, dispostos para um passeio mais livre e lúdico.
Fotos do Centro Cultural. Fonte: Archdaily
Os pátios semienterrados, construídos em ambos os lados da praça urbana e que antecipam a presença do espaço cultural, relacionam-se com as ruas circundantes através de rampas e escadas, com profundidades de 6,5 metro, que estendem a vida da cidade até o interior do centro.
O Centro Cultural Palácio da Moeda, construído sob a esplanada, ao sul do Palácio do Governo, se erige como expressão física de uma nova institucionalidade cultural. O Centro Cultural La Moneda foi inaugurado em 26 de janeiro de 2006 como um grande espaço de culturas, projetado para atrair diversos públicos de um lugar central na vida cívica de Santiago do Chile

Corte Urbano. Fonte: De autoria própria
Fotos do Centro Cultural. Fonte: Arquitectura Viva
Para reafirmar o protagonismo do palácio neoclássico e evitar qualquer concorrência com ele, o museu cultural foi construído no subsolo da nova praça. A estratégia de projeto se inspirou na lógica dos pátios que caracterizaram o Palácio do século XVIII, considerando que o Centro Cultural, por sua proximidade e caráter, foi construído como uma ampliação deste.

Corte Urbano. Fonte: De autoria própria

Corte Transversal. Fonte: Archdaily

A vegetação e a luz natural filtrada pelas placas de vidro dispostas entre as vigas da cobertura conferem ao lugar uma atmosfera tal que transforma a percepção do espaço, anulando a sensação de um espaço subterrâneo.
Placas de Vidro no Centro Cultural. Fonte: Archdaily
Conclusão
"A Plaza de la Ciudadanía é um espaço capaz de gerar experiências que representam os valores ideológicos para os quais aponta o processo de democratização chileno?"
— (PERUCICH, 2012)
A construção da cidade é um processo permanente e inacabado, que reflete a sociedade que a constrói. De maneira, que está em constante mudança junto com a sociedade. Diante disso, o projeto tem como objetivo transformar o tecido urbano e a continuidade e renovação da memória histórica, de maneira a refletir as ideologias do cidadãos e ser para eles um espaço no qual podem se expressar.
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Entretanto após a primeira manifestação na Plaza de la Ciudadanía, houve o cercamento permanente do local, justificado como uma medida de segurança. Diante disso, faz-se o questionamento de a que ponto a praça e o espaço público representa um local de possibilidades de expressão do cidadão e da função do espaço público no momento que ele se compoe de barreiras, prejudicando seu livre acesso.
Referências bibliográficas
CUEVAS; ARAYA, Sergio Bravo; Pamela Arancibia. Plaza De La Ciudadanía De Santiago De Chile: La narrativa identitaria nacional en el espacio urbano como superficie de inscripción. Universidade de Barcelona. Outubro de 2019, Barcelona, Espanha.
PAVLICK, Mariana. Políticas para a recuperação de áreas em cidades latinoamericanas. Estudo de caso: São Paulo, Santiago do Chile e Buenos Aires. Dissertação de Mestrado na Área de Concentração: Planejamento Urbano e Regional. FAUUSP. São Paulo, 2010.
PERUCICH, José Francisco Vergara. LAS DEFICIENCIAS DE SIGNIFICACIÓN DEMOCRÁTICA DE LA “PLAZA DE LA CIUDADANÍA: Ensayo crítico para un proyecto emblemático del Bicentenario Chileno. Revista Iberoamericana de Urbanismo nº7. 2012. Pag. 87 - 98.
CUEVAS, Sergio Bravo. Identida, memoria, nación: La Plaza de la Ciudadanía como monumento. Tese de graduação da Faculdade de Filosofia e Humanidades. Universidade do Chile
HETCH, Romy. Plaza de La Constitución: proyecto urbano y debate arquitectónico. Tese de Metrado em Arquitetura. Universidade Catolica do Chile. Chile. 2002. p.58 - 61.
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