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Villaggio Matteotti

Local: Terni, Itália

Arquiteto: Giancarlo de Carlo

Cliente:  Fabrica Siderúrgica de Terni (Operários)

Nº de moradias: 250 residências

Ano: 1969 - 1975

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Jessica Sousa Duarte

Agosto, 2022

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Imagem adaptada pela autora

O villaggio Matteotti, localizado em Terni, na Italia é considerado um dos bairros residenciais mais importantes da arquitetura italiana entre o final da década de 60 e o início da década de 70.

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Imagem adaptada pela autora

"Para De Carlo, a arquitetura interessava como processo social, como a possibilidade de transformação, de ação política. Nesse sentido, há uma continuidade de interesse com uma das principais conquistas do movimento moderno: a sua inserção no campo social e a possibilidade de intervenção na dinâmica social através da prática de projeto. Arquitetura era um projeto social."

- BARRONE, 2002.

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Imagem elaborada pela autora

Vila Matteotti é um vilarejo operário criado em 1934, afastado do tecido urbano e construído com baixo padrão, segregando os trabalhadores em um gueto. Em 1960, quando a cidade já havia se expandido até incorporar a área do bairro, foi feito um plano regulador de Vila Matteotti a fim de produzir uma reestruturação radical que permitisse aumentar sua densidade habitacional. Porém, o risco de ver o bairro submetido a um intenso processo de especulação imobiliária fez com que os moradores resistissem à pressão criada para que eles saíssem de suas residências. Logo, em 1969, depois de longas discussões entre o conselho da fábrica onde trabalhavam os operários e a prefeitura de Terni, decidiu-se passar o problema da Vila Matteotti a um arquiteto. O Villaggio Matteotti foi concebido pelo arquiteto Giancarlo De Carlo para os trabalhadores e os empregados das empresas siderúrgicas da zona, e construído em Terni (Itália) entre 1969 e 1975. Encomendado em 1969 pela Terni Acciaierie Company, o novo distrito - do qual apenas uma parte será construída - pretendia aumentar substancialmente a densidade populacional, substituindo a antiga vila operária.

O projeto é resultado de um processo participativo que não tem outros exemplos na Itália. De Carlo, com uma equipe interdisciplinar, envolve as famílias trabalhadoras a quem as casas são destinadas por meio de reuniões, entrevistas, debates e exposições, conseguindo moldar o projeto às necessidades dos moradores e ao mesmo tempo "educar" suas expectativas. Entre as solicitações dos habitantes surgiu em particular a necessidade de espaços verdes públicos e privados, locais de convívio social e separação entre os fluxos de veículos e peões.

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Mapa elaborado pela autora usando como base a planta fornecida por Giancarlo de Carlo

Sendo assim, o bairro é composto por 250 casas, com uma estrutura linear combinada com percursos pedonais em terraços paralelos e segregados das vias. Os alojamentos são maioritariamente "escalados", apresentam uma grande variedade tipológica, sendo 5 tipos funcionais de habitação e, simultaneamente, em 45 variações diferentes, pois são constituídos de forma ligeiramente diferente para que não seja afetado o respectivo valor residencial. Alem disso, as residências apresentam um desnível de 150 centímetros entre as zonas de estar e de dormir, criando assim um perfil muito articulado e variável. As tipologias foram definidas juntamente com a população, com o fim de permitir a satisfação das diferentes necessidades de cada família e de criar a diversidade dentro do bairro.

Mapa elaborado pela autora usando como base a planta fornecida por Giancarlo de Carlo

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Esta complexidade volumétrica também favorece a possibilidade de obter terraços comuns e jardins suspensos pertencentes a cada unidade habitacional individual, alem de vantagens visuais para o ambiente  externo “olhos para a rua”.

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Corte elaborado pela autora

Assim, formas complexas foram implantadas, articulando jardins, terraços e casas. No seu centro foram projectadas lojas e espaços comuns, acessíveis a partir de superfícies inclinadas que ligam as esplanadas aos parques de estacionamento próximos.

Corte elaborado pela autora

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Os edificios, que se projetam três pavimentos acima do nível da rua, são conectados em altura por estreitas passarelas de pedestres - ortogonais ou diagonais às ruas - que permitem o uso completo do sistema sem criar interseções.

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Imagem elaborado pela autora.

O sistema construtivo do edifício é baseado na arquitetura italiana do brutalismo caracterizada pelas paredes estruturais de concreto aparente,  incluindo piso e parapeitos externos, janelas de fita contínua - muitas vezes blindadas por beirais ou recuos - e coberturas planas.

Conclusão

Com base nas experiencias europeias do Team 10 , percebe-se que o distrito de Matteotti, trabalha tanto com a compacidade entre o edifício e a vegetação, quanto com a permeabilidade da dimensão urbana e a porosidade do conectivo em altura.

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O processo de consulta aos residentes,  por meio de uma estrutura de pesquisas que, vista hoje, revela a importância de uma arquitetura democrática, que vincule a estrutura social com as moradias implantadas; ea que estabeleça uma relação e expressão arquitetônica conectada ao padrão cultural local. Em suma, a aplicação da teoria de sistemas ao desenvolvimento de projetos.

Referências bibliográficas

MEIER, Richard. Richard Meier, Architect: 1964-1984. New York: Rizzoli International Publications, 1984. ISBN 0-8478-0496-8. LC 83-42911. NA737.M44A4 1984. p269.

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NOYES, Eliot. On Architecture: Lecture by Richard Meier. Cambridge: Harvard University Graduate School of Design, George Gund Hall, December 9, 1980. NA737.M43A37 1982. p30.

Projeto de Urbanismo 1 • Bruna Leite Lopes (180098772) • Jessica Sousa Duarte (180102869) • 2022/1 FAU UnB

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