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Gallaratese

Local: Milão, Itália

Arquitetos: Carlo Aymonino e Aldo Rossi

Cliente: Monte Amiata Società Minararia per Azioni

Nº de moradias: 440 apartamentos

Ano do projeto:1972

Bruna Leite Lopes

Agosto, 2022

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Desenho elaborado pela autora

Dentre as problemáticas resultantes do fim da Segunda Guerra Mundial, destaca-se a escassez de moradias no continente europeu. Com isto em mente, grande parte dos arquitetos da metade do século XIX viram esta crise como uma potencialidade de produzir e explorar novas maneiras de fazer arquitetura a partir de projetos para conjuntos habitacionais. Na Itália, especialmente ao norte, foram criados planos para o desenvolvimento de projetos urbanísticos dentre eles Il Piano Regolatore Generale, em 1956.

O Gallaratese, projeto dos arquitetos italianos Carlo Aymonino e Aldo Rossi é um complexo habitacional popular localizado em uma região periférica da cidade de Milão. Também chamado de Monte Amiata, o projeto objetiva a urbanização e o melhor aproveitamento do bairro que estava pouco povoado e resultou de um acordo entre a prefeitura milanesa com a empresa italiana Monte Amiata Società Minararia per Azioni. O conjunto habitacional foi comissionado ao Studio Ayde, mais especificamente a um dos sócios, Carlo Aymonino, em 1967. Este, por sua vez convidou Aldo Rossi a projetar uma das 5 edificações que no total abrigariam cerca de 2400 pessoas.

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Mapa da Itália elaborado pela autora

Mapa de Milão elaborado pela autora

Os arquitetos tinham em mente a criação de uma comunidade urbana e não apenas prédios isolados, bem como destinaram áreas para o uso comercial e cultural, esperando a ocupação e o bom aproveitamento do Gallaratese. De acordo Molinari (2015) Aymonino e Rossi acreditavam que a arquitetura poderia ser um instrumento de cura e salvação para estas áreas periféricas.

A implantação dessa comunidade foi desconectada com o tecido urbano existente, como explica o próprio Aymonino (1970):

Na organização geral ignorou-se deliberadamente o ‘lugar', uma vez que não há indicações naturais (um terreno plano sem características relevantes - nem árvores, nem cursos d'água) ou artificiais (a vizinhança é composta dos tradicionais blocos de 8 pavimentos ou torres de 12, dispostos em um desenho bastante casual); procurou-se, portanto, acentuar o ‘destaque' do complexo, recorrendo a uma forma geral que fosse a mais compacta e construída possível e que, no limite, poderia resultar quase em um único edifício ou, melhor dizendo, numa única construção.

No entanto, intenção inicial do projeto não foi concretizada. Após sua inauguração em 1972, a prefeitura não investiu nos espaços comerciais e culturais do complexo, o que resultou na criação de espaços privados e majoritariamente residenciais. Em 1974, houve uma ocupação popular em protesto à maneira de como o Gallaratese estava vendendo os apartamentos que deveriam ser destinados à habitação social, bem como a decisão de cercar o complexo. As pessoas que estavam ocupando o local removidos à força pela polícia.

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Mapa elaborado pela autora

Em relação a arquitetura, o prédios A1, A2, B E C foram todos projetados por Aymonino. Os dois primeiros possuem 8 andares e delimitam o espaço da quadra em relação a seu contato com as vias Cilea e Fichera. Na intercessão entre A1 e A2, está localizado o bloco B de 6 andares, juntamente com o anfiteatro ao ar livre. O último bloco projetado por Aymonino foi o C, que consiste em um prédio de dois andares para passagem e conexão entre os blocos B e A1. Pela maneira que os blocos foram posicionados, foram criados praças e espaços de convergência que poderiam ser utilizados para a apropriação do espaço em relação aos moradores. O edifício D, projetado por Aldo Rossi possui 3 andares e está posicionado paralelamente ao edifício B, além de também servir como uma entrada de serviço entre os dois edifícios.

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Corte elaborado pela autora

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Desenho elaborado pela autora

Todos os prédios projetados por Aymonino apresentam uma pintura marrom avermelhada e as esquadrias brancas e laranjadas também são elementos essenciais para a composição. As fachadas dos quatro edifícios de Aymonino são demarcadas por um conjunto de volumes que representam as diferentes tipologias de apartamentos presentes no projeto. Algumas delas são:

  • Studios de 26m²;

  • Apartamentos duplex;

  • Apartamentos com metragem variada de 80m², 100m², 150m².

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Desenho elaborado pela autora

Por outro lado, Aldo Rossi optou por projetar uma fachada mais simples, que foca no ritmo contínuo das janelas, com mínima ornamentação. Outra diferenciação é o uso da cor branca na pintura do bloco, invés dos tons terrosos de Aymonino. Com essa escolha o arquiteto objetivava a sobrevivência do edifício mesmo com a passagem do tempo e uma possível troca de função, tal qual os monumentos romanos. Estruturado em pórticos, o bloco D apresenta 3 tipos de plantas diferentes para os apartamentos, que se dividem no segundo e primeiro andar, sendo o térreo utilizado como passagem.

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Desenho elaborado pela autora 

Como já mencionado, os blocos dos dois arquitetos se diferenciam pelas suas cores, além da volumetria. O uso das cores se destaca também nas cores vibrantes que foram empregadas em espaços para a circulação. Para estes ambientes foram utilizadas cores que variam do amarelo para o vermelho, que se destacam em meio ao concreto e as fachadas de Aymonino e Rossi.

Referências bibliográficas

AYMONINO, Carlo. Progetto architettonico e formazione della città. Lotus, Milão, n. 7, p. 20-41, 1970

 

MOLINARI, Luca. Matteotti Village and Gallaratese 2: design criticism of the Italian Welfare State. In: SWENARTON, Mark; AVERMAETE, Tom; DEN HEUVEL, Dirk (Ed.). Architecture and the Welfare State. Londres; Nova York: Routledge, 2015.

 

SHERWOOD, Roger. Gallaratese. Housing Prototypes, 2009. Disponível em: https://housingprototypes.org/project/?File_No=ITA021. Acesso: 05/08/22

Projeto de Urbanismo 1 • Bruna Leite Lopes (180098772) • Jessica Sousa Duarte (180102869) • 2022/1 FAU UnB

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