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CARTOGRAFIA CRÍTICA

Análise cartográfica de Samambaia e suas relações com seu entorno

O trabalho consiste na investigação dos espaços urbanos da Região Administrativa de Samambaia e sua relação com os espaços e RA's em seu entorno, a partir da produção de cartografias e demais produtos gráficos. Através deste reconhecimento da área será possível detectar problemáticas enfrentadas pelos residentes e possíveis soluções que poderão ser aplicadas.

O Distrito Federal e as RAs( Regiões Administrativas)

Em 1956, com o  inicio da construção do Plano Piloto, para a nova capital do Brasil, alguns núcleos pré-existentes  e os acampamentos da Candangolândia e do Paranoá, começaram a receber um alto nivel de migração de habitantes a procura de uma melhor condição de vida. Desse modo, como recurso e de forma emergencial para abrigar a população de migrante que veio para trabalhar nas obras de Brasília foram criados pequenos centros urbanos provisórios próximos aos espaços da construção de Brasília. Dessa maneira surge em 1958, Taguatinga, a primeira cidade satelite a ser inaugurada.

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Após a inauguração, Brasília teve um grande aumento demográfico. Dessa forma, a não previsão de permanência dos trabalhadores levou o governo a criar mais cidades satélites para atender a demanda dos habitantes que se instalaram em assentamentos ao redor da capital. Como uma solução, o governo na época erradicou esses habitantes  para as cidades satélites afastadas do Plano Piloto,  em áreas adjacentes à Taguatinga devido à sua influência como um centro urbano, gerando um território disperso em torno do eixo Sudoeste ao Plano Piloto, porem preservando o projeto urbanístico do Plano Piloto idealizado por Lucio Costa.

Logo, em 1964, a Lei nº 4.545, modificou a estruturação do Distrito Federal dividindo-o em Regiões Administrativas(RA’s), sendo cada uma responsável por administrar seus serviços locais, implicando numa descentralização da administração do Distrito Federal.

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Apesar da construção inacabada do Plano Piloto no início da década de 70, este ainda era o centro urbano mais bem desenvolvido do Distrito Federal, com melhor qualidade de vida e oportunidade de emprego e equipamentos públicos. Por consequência, concentrava um uma população com maior poder aquisitivo e uma menor densidade populacional em comparação com outros centro urbanos que estavam se formando de maneira rápida e dispersa.

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Mapa de poder aquisitivo.png

Tendo isso em mente, em 1978, foi elaborado o Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal – PEOT. Com o intuito de propor uma estratégia de ocupação territorial para o DF, estabelecendo diretrizes para o zoneamento das  expansões urbanas em relação ao transporte, a renda, ao trabalho, à habitação, e ao lazer, de forma a descentralizar o Plano Piloto.  No PEOT , foram indicadas locais propícios à expansão urbana em áreas adjacentes a Taguatinga/Ceilândia e ao longo da BR- 060. Por fim, em 1989 foi formalizado o processo de criação de Samambaia, a RA XII.

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Samambaia - RA XII

A Região Administrativa de Samambaia  foi criada em 25 de outubro de 1989,  a partir da Lei 49/89, que a definiu como RA XII. Localizada na Unidade de Planejamento Territorial Oeste, Samambaia é limitada pelo Córrego Taguatinga e pelo Rio Melchior ao norte, e ao sul, pela BR - 060, umas das principais vias de acesso ao Distrito federal.

O local escolhido para implantação pertencia ao Núcleo Rural de Taguatinga(RA II), formado por um conjunto de chácaras, que foram aos poucos sendo desapropriadas, permitindo assim a expansão da cidade.

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Fonte: PDAD - Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (2018)

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Fonte: PDAD - Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (2018)

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Apesar de sua localização periférica e destinação aos indivíduos de baixa renda, principalmente, a Samambaia surgiu a partir de planejamento prévio, e sua ocupação ocorreu de modo ordenado (SERRANO, 2014). Em 1981, elaborou-se o estudo preliminar - Projeto Samambaia, com o intuito de responder ao crescimento populacional do DF, seguindo o projeto urbanístico do PEOT, elaborado 11 anos antes.  Em 1985 recebeu seus primeiros moradores  com o  apoio do Programa de Olarias Comunitárias, e três anos depois se expandiu com o apoio do Sistema Habitacional de Interesse Social (SHIS) mediante ao financiamento do Banco Nacional destinadas as famílias de baixa renda. A partir de 1989 a cidade passou a receber um grande número populacional vindos de  invasões e fundos de quintal, fazendo o governo abrigar a população o sob o "Sistema Concessão de Uso" em lotes ainda semi-urbanizado, oficializando assim a Samambaia como RA XII.

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O projeto urbano de Samambaia, datado de 1981 e implementado em 1982, é composto por longos eixos e lotes predominantemente ortogonais. A justificativa para a implementação dessa axialidade está em questões econômicas e relacionadas a infraestrutura. A continuidade dos lotes reduz os custos de implementação das infraestruturas urbanas, além de corroborar para a fluidez do sistema viário e a eficiência na coleta de lixo. O projeto previa a capacidade de 330 mil moradores distribuídos em 106 quilômetros (CANANI, 2008).

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A malha urbana de Samambaia localiza-se em um platô delimitado pelo início do desnível em direção ao córrego Taguatinga e do rio Melchior. O ponto mais alto da cidade está localizado aproximadamente ao centro, com desníveis para o oeste e leste. Por consequência, o platô se torna um bom local para a implantação de um sistema de drenagem e de mobilidade urbana (BISPO, 2018).

A área na qual Samambaia foi implantada apresenta corpos d’água relevantes, bem como uma grande quantidade de vegetação nativa. Com isso em mente, existe ao redor da cidade uma espécie de cinturão de área de preservação ambiental, com duas invasões de tecido urbano, uma já regularizada e outra em processo de avaliação do impacto ambiental.

A leste da malha urbana, estão localizados a Estação de Tratamento de Esgoto e o Aterro Sanitário de Samambaia.

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Mapa de estação de esgoto e Aterro.png

A estrutura da área urbana de Samambaia está  dividida em dois setores: Norte e Sul, e subdividida em quadras residenciais (QR), comerciais (QN e QS), industriais (QI) das quadras 416 e 616 e, ainda, o Setor de Mansões Sudeste (SMSE) e Leste (SML).

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A RA conta uma boa distribuição de equipamentos urbanos de segurança e espaços comunitários, entretanto com poucos equipamentos de saúde, dado o número de habitantes. Além disso, a cidade contêm feiras livres e espaços culturais como o Complexo Cultural Samambaia e o Parque  Ecológico Três Meninas, onde se encontram a Casa da Cultura, Biblioteca Pública, a Olaria Comunitária, postos de saúde, serviço sociais e escolas.

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Tipologias:

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Localização: Qr 431/429 Conjunto 17 

A tipologia predominante dessa região de Samambaia são residências de um ou até dois pavimentos. É possível observar a existência de edificações de uso misto, com um uso comercial no térreo e moradia acima, além das construções inteiramente com o uso inteiramente comercial.

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Localização: Qr 829 Conjunto 4

A tipologia predominante na região de Samambaia norte é de edifícios térreos ou com mais um pavimento. Na sua maioria são residências, mas também se encontram prédios de uso misto e comerciais.

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Localização: Av. Central

A Avenida Central de Samambaia é composta por grandes vazios que acompanham as vias. Ao longo dessa avenida é possível encontrar edificações de uso institucional ou comercial e ao fundo, prédios residenciais em altura.

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Localização: Qr.  415/413 Conjunto 2

Nesta área é possível observar majoritariamente edificações térreas ou até 2 pavimentos, com algumas poucas edificações que passam de 5 pavimentos. O uso destas é em sua maioria para residências, especialmente os prédios mais altos, entretanto também se encontram ruas com comércio.

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Localização: Qr.  312 Conjunto 3

Assim como o último caso, nesta região encontra-se edificações térreas, sobrados e algumas edificações que possuem uma maior altura. Predominantemente, a região conta com construções para o uso residencial.

Mobilidade

O sistema de mobilidade urbana estrutura a cidade de forma linear, a partir de quatro vias principais, que se conectam às vias transversais. Essa configuração diminui a propensão da cidade a ter congestionamentos. Um fato interessante é que não existem semáforos em Samambaia, apenas rotatórias e redutores de velocidade, provando, portanto, a qualidade da estruturação da malha viária.

Entretanto, esse esquema de vias arteriais causa descontinuidade de vias e bolsões de estacionamento em locais não recomendados, atrapalhando a conexão com as demais vias coletoras. Dentro das quadras, as vias se tornam labirínticas e não padronizadas, dificultando o acesso dos moradores.

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Mapa de Transporte Publico CERTO SAMAMBAIA.png
Mapa de Transporte Publico CERTO SAMAMBAIA.png
Mapa do sistema cicloviario CERTO.png

O desenho urbano de Samambaia, influenciado pela linha de metrô presente e das linhas de transmissão de alta tensão, dificulta a conexão entre as regiões Sul e Norte, criando dois bairros praticamente separados. Esse grande vazio urbano é atravessado por cinco vias transversais em mais de 8 quilômetros de extensão. Em relação aos eixos de torres de alta tensão, estas também servem como barreira na interface de Samambaia com Taguatinga.

Mapa de Energia certo 2.png

Referências Bibliográficas

CANANI, Aline Sapiezinskas Kras Borges. De bonecas, flores e bordados: investigações antropológicas no campo do artesanato em Brasília. 2008. 321 f. Tese (Doutorado em Antropologia)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

BISPO, Hervelton. Requalificar Samambaia. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

COSTA, Graciete Guerra da. As Regiões Administrativas do Distrito Federal de 1960 a 2011. Tese (doutorado) – Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2011.

Distrito Federal. CODEPLAN. Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios: Distrito Federal. Brasília, 2018.

SERRANO, Agnes de França. A implantação do Centro Metropolitano de Brasília – Distrito Federal e as transformações do espaço intraurbano. Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Humanas. Departamento de Geografia. 2014

Projeto de Urbanismo 1 • Bruna Leite Lopes (180098772) • Jessica Sousa Duarte (180102869) • 2022/1 FAU UnB

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